domingo, 20 de julho de 2008

Marinha diz que área ocupada por quilombolas é estratégica

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil


Rio de Janeiro - O caráter estratégico é o motivo defendido pela Marinha para não ceder aproximadamente um quinto da Ilha da Marambaia aos quilombolas. Localizada na Baía de Sepetiba, área que abriga os principais projetos econômicos do estado, como Porto de Sepetiba e Companhia Siderúrgica do Atlântico, a ilha também está próxima das usinas nucleares de Angra dos Reis.

No local há, inclusive, a possibilidade de que se construa uma futura base de submarinos nucleares. De acordo com o Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, almirante de esquadra Álvaro Augusto Dias Monteiro, as novas gerações de submarinos – nucleares ou convencionais – são consideradas decisivas para a segurança nacional e já não podem mais ficar fundeadas na antiga base da Ilha do Mocanguê, próximo à Ponte Rio-Niterói, na Baía de Guanabara.

“Desde que isso [submarino nuclear] seja confirmado como projeto do estado brasileiro, a Baía de Sepetiba é um dos locais adequados à instalação de uma base de submarinos, nucleares ou mesmo convencionais de maior porte. A nossa base atual é dentro da Baía de Guanabara e futuramente pode não ser mais conveniente a permanência de todos esses barcos ali. Para nós, Marambaia é de uma estratégia fundamental”, explicou o militar.

Entre os motivos que tornam a base do Mocanguê obsoleta está a dificuldade de movimentação e saída rápida da Baía de Guanabara, que possui um tráfego intenso de embarcações, além da profundidade menor, tornando um submarino mais vulnerável em caso de ataque.

Segundo o almirante, Sepetiba tem um canal natural com 50 metros de profundidade, o que facilita submersão e movimentação imediata para alto-mar. “Marambaia domina a entrada desse canal, então é preciso preservá-la para que ela possa cumprir esse papel”, destacou Monteiro.

Para ele, se não forem tomados cuidados, a ilha pode atrair um grande número de novos moradores e sofrer um rápido processo de favelização.

“No caso da Ilha Grande e Angra dos Reis, a pressão demográfica foi muito grande e o Poder Público não foi competente para impedir a degradação. Na Marambaia, o ambiente está preservado, tanto pela Marinha quanto pelos moradores. Temo que, se isso for titulado de maneira imprecisa, a comunidade não tenha poder político suficiente para impedir a explosão demográfica”, alertou o militar.

A líder comunitária Vânia Guerra afirma que a demarcação da área como quilombo em nada atrapalharia os planos da Marinha em construir na região uma base de submarinos. “Nós sempre vivemos ali, mesmo antes da Marinha chegar e nunca atrapalhamos em nada.”

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